Protocolo de entrada na Igreja

0
4min de leitura

A entrada na igreja é um daqueles momentos que quase toda a gente imagina quando pensa no dia de casamento.

A música, o som dos passos no corredor, os olhares dos convidados, o primeiro encontro dos noivos… É bonito, é intenso e, por isso mesmo, é normal que muitos casais fiquem com dúvidas sobre “como é suposto ser” essa entrada, sobretudo aqui no Norte, onde o papel dos padrinhos e da família é muito forte.

A primeira coisa importante: não existe um único protocolo obrigatório. Cada paróquia, cada padre e cada família tem os seus hábitos. O que partilho aqui é apenas a forma como, na maioria dos casamentos que fotografo no Norte de Portugal, as coisas costumam acontecer e o que, na prática, costuma resultar bem – tanto para vocês, como para a experiência dos convidados e para o registo em fotografia.

Na maioria dos casos, os convidados entram primeiro e vão-se sentando, deixando as primeiras filas reservadas para pais, avós e padrinhos. Depois, é muito habitual o noivo entrar com a mãe (ou com outra figura importante para ele) e ficar já posicionado na frente, à espera da noiva. É um momento simples, mas carregado de significado, e muitas vezes é aqui que se vêem os primeiros nervos e os primeiros abraços apertados.


Os padrinhos podem entrar a seguir, em pares, pelo corredor central. No Norte, o papel dos padrinhos é quase uma extensão da família direta, por isso faz sentido dar-lhes este lugar de destaque. Normalmente entram com algum intervalo entre cada par, para que tudo não aconteça demasiado depressa. À medida que vão chegando à frente, ocupam os lugares reservados na primeira fila ou junto ao altar, conforme combinado com o padre.

Quase sempre, os meninos das alianças e das flores entram mesmo antes da noiva. Às vezes vão sozinhos, outras vezes acompanhados por um adulto, dependendo da idade e da confiança dos mais pequenos. E aqui é importante ter expectativas realistas: há crianças que chegam ao corredor e travam, outras que correm, outras que se riem para toda a gente. Faz parte. Mais do que “perfeito”, o que interessa é que seja verdadeiro e que a criança não se sinta pressionada.

Por fim, entra a noiva. A imagem mais tradicional é a noiva a entrar com o pai, mas também aqui há muitas variações: pode ser com a mãe, com os dois, com um avô, um irmão ou alguém que tenha um papel especial na sua história. O importante é que a escolha faça sentido para vocês. O ritmo da marcha deve ser calmo, sem pressa; é um momento que vale a pena viver devagar, respirar fundo e encontrar os olhos de quem está à vossa espera no altar.

Há também pequenos detalhes que ajudam tudo a correr melhor. Falar com o padre antes do casamento é essencial. Alguns gostam de ter um protocolo mais rígido, outros são mais flexíveis e abertos às vossas ideias. Nessa conversa podem alinhar a ordem de entrada, o tempo da música, onde vão ficar os padrinhos, se os meninos das alianças sobem ou não ao altar, onde se sentam pais e avós. Quanto mais claro estiver antes, mais tranquilos vão estar no dia.

Outra coisa que vejo muitas vezes fazer a diferença é pensarem no conforto da família mais velha. Reservar lugares fáceis de aceder para avós e pessoas com mais dificuldade de mobilidade, não os obrigar a levantar-se e sentar-se muitas vezes, não prolongar demasiado a entrada, tudo isso é um gesto simples que demonstra cuidado e respeito.

Do ponto de vista de fotografia, um protocolo claro ajuda muito, porque permite antecipar os momentos. Sei quando o noivo vai entrar, de onde vem, quando os padrinhos vão passar, em que momento os meninos das alianças surgem e quando a noiva aparece finalmente na porta da igreja. Isso dá-me tempo para me posicionar de forma discreta e registar cada expressão, cada olhar, sem interferir nem mandar em ninguém.

Mas, dito tudo isto, há algo que gosto sempre de lembrar aos casais: por mais que se planeie, as coisas nem sempre saem exatamente como estava no papel. E está tudo bem. Se um padrinho se emociona e abranda o passo, se uma criança foge a meio do corredor, se a noiva se ri porque tropeçou ligeiramente no vestido… são estes imprevistos que tornam o vosso casamento só vosso. O meu papel é estar atento, acompanhar com calma e transformar esses pequenos momentos em memórias.

Se tiverem dúvidas sobre a melhor forma de organizar a entrada na igreja para a vossa realidade – número de padrinhos, crianças, dinâmica da família, igreja específica – podemos falar disso com calma na reunião antes do casamento. Juntos, encontramos uma sequência que faça sentido para vocês, respeite as tradições da vossa família e do Norte de Portugal e, ao mesmo tempo, vos permita viver essa entrada com tranquilidade e emoção. No fim, o que fica nas fotografias não é o “protocolo perfeito”, é a forma como se olharam e se sentiram naquele momento.

Protocolo de entrada na Igreja

Facebook
WhatsApp
LinkedIn
Twitter
Copiar URL

Quem viu também gostou de

15 Years Capturing Weddings, A Privilege

Preço vs. Valor: Porque um Fotógrafo de Casamento "Barato" em 2026 Pode Ser o Seu Maior Arrependimento

Porque "Não Fotografo Poses":  Um Manifesto para o Seu Casamento em 2026

Logo do Whatsapp