Fotografias formais no casamento: os retratos que não podem faltar

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Há muitos casais que me dizem logo na primeira conversa: “Nós não queremos fotografias muito posadas, gostamos é de coisas naturais.” Eu identifico-me com isso. Também eu prefiro fotografar o dia como ele acontece, sem interferir demasiado, à procura dos abraços, das gargalhadas, dos olhares trocados quando acham que ninguém está a ver. Mas, com o tempo, aprendi que, mesmo num registo totalmente documental, há um conjunto de fotografias formais que se tornam fundamentais para a família.

Quando falo de “fotografias formais”, não estou a falar daquela sessão pesada, em que toda a gente fica à espera, farta, numa fila que parece não acabar. Falo de retratos simples, organizados com calma, que garantem que as pessoas mais importantes ficam registadas de forma clara: pais, irmãos, avós, padrinhos, alguns familiares próximos e aquele grupo de amigos que está convosco desde sempre. Hoje podem parecer “apenas” fotos de grupo. Daqui a alguns anos, muitas vezes são das imagens mais valiosas do casamento.

É por isso que gosto de encontrar um equilíbrio entre o documental e o formal. Durante a maior parte do dia, estou focado em fotografar tudo como acontece, sem forçar situações. Mas reservo sempre um momento para estes retratos indispensáveis. Quando isto é planeado antes, consegue ser rápido, leve e sem stress. Não precisa de durar uma hora, nem de transformar o casamento num desfile.

Na reunião antes do casamento e, muitas vezes, na sessão de solteiros, além de vos conhecer melhor, pergunto também quem são as pessoas-chave da vossa história. Quem são os pais, os avós, se há alguém “do coração” que para vocês é família, mesmo que não apareça no livro de registos. A partir daí, montamos uma pequena lista de fotografias formais: nada exagerado, apenas os grupos que são realmente importantes. Isso evita esquecimentos no próprio dia e impede que, de repente, apareçam vinte pedidos diferentes enquanto tentam aproveitar o copo-de-água.

Normalmente começamos pelo núcleo mais próximo: noivos com pais, juntos e em separado; noivos com irmãos; noivos com avós. Depois, padrinhos e madrinhas, família mais alargada e amigos. Em muitos casos, até aproveitamos esse momento para juntar espontaneidade ao registo mais clássico: alguém conta uma piada, há um abraço mais apertado, um beijo na testa, uma lágrima que aparece sem ninguém pedir. O meu papel é estar pronto para apanhar também esses segundos.

Penso sempre no conforto das pessoas. Procuro um local com boa luz, mas também com acesso fácil, especialmente para avós ou convidados com menos mobilidade. Não faz sentido obrigar alguém a atravessar meia quinta, em pleno calor, só para tirar uma fotografia. Muitos destes retratos podem ser feitos perto da zona do copo-de-água, da entrada da sala ou de um jardim por perto, em poucos minutos. Com organização, é possível fazer tudo de forma muito fluida.

Também sei que hoje as famílias podem ser complexas: pais separados, famílias recompostas, padrastos, madrastas, relações mais sensíveis. É precisamente por isso que gosto de falar convosco antes. Se houver combinações que vos deixem desconfortáveis, ajustamos. Se for melhor fazer certas fotografias em separado, fazemos. O importante é que se sintam respeitados e que ninguém se sinta “forçado” a uma fotografia que não faz sentido naquela realidade. Mais uma vez, não se trata apenas de técnica, trata-se de cuidado.

Do vosso lado, o receio costuma ser sempre o mesmo: “Mas isso não vai roubar muito tempo à festa?” A resposta depende da organização. Quando existe esta pequena lista pensada antes, e quando há um momento claro para estas fotografias (por exemplo, logo após a cerimónia ou no início do copo-de-água), tudo acontece de forma muito mais rápida. Muitas vezes, em quinze ou vinte minutos conseguimos garantir todos os retratos indispensáveis e seguir com o resto do dia sem interrupções longas.

Depois, quando chegam à parte de escolher as fotos para o álbum, é quase sempre aqui que se confirma a importância destes momentos. As páginas com pais, avós, irmãos, padrinhos e amigos próximos tornam-se a base visual da história de família. As imagens mais documentais – as lágrimas, os abraços inesperados, os momentos de dança – completam esse mapa emocional. Uma coisa não anula a outra, pelo contrário, complementam-se.

Todas estas fotografias acabam por viver na mesma lógica do resto do trabalho: numa galeria privada pensada para vocês e para quem vocês convidarem. Não são imagens feitas para “mostrar ao mundo” em massa, são registos para a vossa rede de pessoas importantes. E é justamente por isso que as considero indispensáveis.

Se não gostam da ideia de uma sessão formal rígida, estamos alinhados. O objetivo não é criar poses artificiais, é apenas garantir que quem faz parte da vossa história aparece nas fotografias de forma simples e verdadeira. Falamos disso com calma na reunião, ajustamos a lista ao vosso caso e escolhemos o melhor momento do dia para tratar destas imagens sem vos roubar a experiência de viver o casamento.

No futuro, quando abrirem o álbum com um filho, um sobrinho ou um afilhado ao colo, muito provavelmente vão parar nessas páginas: “Olha aqui os avós”, “Olha os teus pais neste dia”, “Olha este amigo que está connosco desde sempre”. É aí que se percebe porque é que, mesmo com um estilo documental, vale a pena garantir estes retratos formais. E é um privilégio poder ser eu a fazê-los.

Fotografias formais no casamento: os retratos que não podem faltar

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